A EVOLUÇÃO DA VESTIMENTA
A prática de usar alguma coisa para cobrir a nudez não é nova, sendo a primeira delas folha de parreiras, usadas por Adão e Eva no Paraiso, depois o Criador confeccionou uma túnica usando peles de animais (Gênesis 3:21).
Depois as roupas passaram a ter novos objetivos, sendo o principal deles a proteção do corpo, primeiro das intempéries, frio ou calor. Depois foi sendo adicionados outros objetos que melhoravam esta proteção, um desses para proteger os pés, neste primeiro momento também feito com pele de animais, que eram enroladas neles.
Com a separação das famílias pelo mundo de então, uma roupa usada em uma determinada região não era a ideal para outra, assim foi necessário que houvesse uma adaptação nessas vestimentas para adequá-las ao novo local de moradia. Também por questão de melhorias e adaptação surgiu a diferenciação entre roupa de homem e de mulher.
Não se sabe bem a data exata de quando nossos antepassados abandonaram as peles de animais e passaram a proteger-se e vestir-se usando fibras entrelaçadas, tanto de origem animal quanto vegetal.
O exemplo mais antigo de tecido descoberto na Europa, na costa da Dinamarca, data do fim da Era Mesolítica, entre 4600 e 3200 a.C., mas as descobertas no Peru, no alto da 'Sierra del Norte' são muito mais antigas.
A criação dos tecidos teve como fonte inspiradora a natureza, na observação de como os pássaros construíam seus ninhos, as aranhas suas teias, etc., embora essa observação levasse o fabrico de cestas, barreiras, escudos, cestas, etc.
A fabricação do tecido com tear primeiramente foi artesanal e familiar, mas como tudo evolui, esta técnica também evoluiu, e os chineses, egípcios e hindus contribuíram muito para a melhoria na fabricação do tecido. Mas cabe aos gregos a transferência do tear de posição vertical para a horizontal. A fixação dos fios de Urdume em dois galhos a fim de poderem ser separados de modo a facilitar o entrelaçamento dos fios, é reconhecida aos egípcios.
Os tipos de tecidos
Com o crescimento da demanda, o aprimoramento das técnicas de fabricação, os tecidos foram tendo modificações em sua matéria prima, passando a existir tecidos fabricados com matérias de diversas origens, e atualmente temos tecidos de origem animal, considerados básicos e clássicos, vegetal e mineral.
Os tecidos sintéticos, que são fibras produzidas pelo homem, usando como matéria prima produtos químicos, da indústria petroquímica, sendo os mais conhecidos o poliéster, a poliamida, o acrílico, o polipropileno, o elastano e as aramidas.
Os tecidos artificiais, que são fabricados com fibras celulósicas, como acetato e viscose, e também com fibras proteínicas, que são procedentes do milho e óleo vegetais, limitando-se perfeitamente a seda, incluindo os tecidos como o algodão.
O material utilizado para fazer uma vestimenta depende muito do objetivo para o qual a mesma foi confeccionada, por exemplo, que são utilizados como meio de proteção tem com matéria prima, basicamente o couro ou um tecido resistente ao perigo ao qual o trabalhador estará exposto, usa-se também materiais mais leves para os serviços com menos exposição a perigos, como trabalhos administrativos e, claro, as roupas sociais, que são mais leves, mais confortáveis.
Os tecidos são classificados de acordo com sua trama ou teias, como:
Tecidos planos: Resultantes do entrelaçamento de dois conjuntos de fios que se cruzam em ângulo reto. Os fios dispostos no sentido horizontal são chamados de fios de "trama" e os fios dispostos no sentido vertical são chamados de "urdume". Dividem-se em subclasses:
a) Tecidos simples – tecidos formados por um conjunto de fios de urdume e um conjunto de fios de trama;
b) Tecidos compostos – mais de um conjunto de fios de urdimento e um ou mais conjuntos de trama; é um pano feito de pano.
Malha: É uma superfície têxtil, formada pela interpenetração de laçadas ou malhas que se apoiam lateral e verticalmente, provenientes de um ou mais fios. Dividem-se em:
a) Por trama – são tecidos de malha obtidos a partir do entrelaçamento de um único fio, podendo resultar num tecido aberto ou circular;
b) Por urdume – são tecidos de malha obtidos a partir de um ou mais conjuntos de fios, colocados lado a lado, à semelhança dos fios de urdume da tecelagem plana;
Tecidos especiais: São aqueles obtidos por processos dos quais resulta uma estrutura mista de tecido plano, malha e não-tecido, ou ainda, como resultante de soluções de polímeros de fibras aplicadas aos tecidos. Podem ser:
a) Laminados - são estruturas obtidas pela colagem de dois tecidos diferentes ou pela simples aplicação de um impermeabilizante químico a um tecido qualquer.
b) Malimo - estes tecidos levam o nome da máquina onde são produzidos. É uma estrutura obtida pela sobreposição, sem entrelaçamento, de camada de urdimento sobre a camada de trama e cuja amarração é obtida por uma cadeia de pontos de malha.
Início da produção de tecidos
Embora não se saiba exatamente em que ponto e quando, parece fora de dúvida que a indústria têxtil nasceu no Oriente. O fato de terem sido os chineses os primeiros a cultivar o bicho-da-seda, aliado às descobertas arqueológicas que revelam a existência de remotas plantações de algodão nos vales da Índia confirmam essa hipótese. Por outro lado, entretanto, não se pode assegurar que os primeiros tecidos de seda tenham sido fabricados na China. Tal dedução, a rigor, pertence à esfera da lenda, e não à verdade dos fatos. O que se sabe com segurança é que as mais antigas sedas chinesas datam séc. I A.C., período em que floresceu a dinastia Han. Influenciados pela tradição, esses tecidos exibiam desenhos representativos do gosto popular, como dragões, pássaros e animais. Nível de feitura nos tempos da Dinastia Ming (séc. XVI).
Com a chegada dos portugueses, em 1514, teve início uma nova era na tecelagem chinesa, que se impôs definitivamente na Europa. Países como Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda começaram a importar em larga escala os produtos têxteis chineses, que com seus dragões, tornaram-se então muito comum no ocidente.
Ainda no Extremo Oriente, muito se desenvolveu a estamparia têxtil em terras japonesas. Graças, sobretudo, aos artesãos chineses que aí se estabeleceram nos primeiros séculos da Era Cristã.
Por volta do III milênio A.C. já eram fabricados na Índia os primeiros tecidos de algodão denominados sindhu pelos babilônios e sindon pelos gregos.
No Egito (1.500 A.C.) e na Criméia, então colônia Grega, os tecidos de linho alcançaram notável apuro técnico, chegando mesmo a incluir grande variedade de motivos impressos, como figuras de cavaleiros, animais, deusas, pássaros, flores, guerreiros e muitos outros.
Já os tecidos de seda surgiram na Pérsia em pleno florescimento da Dinastia Sassâmida (séc. III a VII).
O Império Bizantino conheceu os primeiros tecidos de seda no sec IV A.C., mas a indústria têxtil somente se desenvolveria nos tempos de Justiniano (527-565).
Em algumas regiões da Europa o domínio mouro, trouxe a vantagem de introduzir o gosto pela arte têxtil, assim no séc. X apareciam na Sicília os primeiros tecidos de seda.
Aproveitando o solo e o clima favoráveis, a indústria têxtil italiana, embora influenciada pela arte oriental, desenvolveu-se e tornou-se o principal centro tecelão da Europa. No século XVII, as cidades de Tours e Lion, na França passam a deter este poder.
No século XVIII, a Inglaterra passou a deter o prestígio internacional para sua indústria têxtil.
Antes de citar o século XX, vale lembrar o destaque da arte têxtil, dos turcos, graças principalmente, ao renascimento artístico persa durante a Dinastia Safárida (XVI e XVIII).
No século XX, o domínio no setor da indústria têxtil passou para os Estado Unidos. Um fato relevante nessa conquista foi o trabalho escravo, utilizado na colheita de algodão, principalmente no Estado da Georgia.
A ROUPA
Com o advento dos tecidos industrializados, as roupas foram tendo foram demonstrando algumas informações sobre aqueles que a usa, ou seja, por ela podia e pode-se perceber a diferença entre classes sociais e identificação de grupos, podendo identificar a pessoa através da roupa que esta usando, ou mesmo, para expressar algum tipo de ideia através da roupa.
Se admitirmos que a roupa tenha relação com cobrir o corpo, e o vestuário se relaciona com a escolha por uma forma específica de traje para um uso específico; é então possível deduzir que a roupa depende principalmente das condições físicas, como clima e saúde, bem como da manufatura têxtil, enquanto que o vestuário reflete os fatores social tais como as crenças religiosas, magia, estética, status pessoal, o desejo de se distinguir ou endossar os desejos coletivos.
A roupa e a moda
A roupa passou então a ter tal importância na vida das pessoas, que pessoas começaram então a se especializar em criações de modelos de vestimentas, sendo ela para as suas diversas finalidades, profissionais, esportiva, passeios, sociais, etc., surgindo então a indústria da moda.
Nessa indústria estão profissionais que se preocupam com estética do vestuário, criando modelos e estilos específicos, dentro das condições dos usuários, fazendo isso de acordo com a economia, matéria prima, clima, classe social e a necessidade de cada indivíduo da época.
Além de classe social o vestuário também incorpora outra característica muito interessante, por si só ele inspira medo ou impõe autoridade: para o chefe, o vestuário incorpora atributos que expressam seu poder, enquanto o vestuário de um guerreiro deve realçar sua superioridade física e sugerir que ele é sobre humano. Em tempos recentes o vestuário profissional ou administrativo pressupõe que diferencie seu usuário e que expresse uma autoridade pessoal ou delegada; esta proposição e claramente vista tanto nas togas judiciais quanto nos uniformes policiais. Uniformes militares denotam distinção e almeja-se que intimidem, protejam o corpo e expressem pertencimento a um grupo: na localização mais baixa na escala, existem veste tão obrigatórias quanto o uniforme dos condenados.
Cada roupa tem sua especialidade, e para determinados tipos de trabalhos são usados uniformes específicos, para cada função, com finalidade de dar segurança, respeito, conforto e praticidade, facilitando o reconhecimento do grupo pertencente através da vestimenta.
Este é um exemplo da diferenciação dos trajes de uma rainha e uma Hippie que, podem ser identificadas através das vestimentas, e é assim que acontece com todos os grupos e estilos diferentes.
No dicionário de moda é classificado o termo indumentário como:
Conjunto de roupas, calçados e acessórios usados pelos diversos povos nos diferentes momentos da historia da humanidade. O estudo da indumentária, decorativa ou simplesmente adotada como proteção ao corpo, traduz os usos e costumes dos incontáveis povos do planeta, mostrando suas origens e relacionando-os aos inúmeros séculos vividos por homens e mulheres. A partir do final do século XVII, a indumentária e a moda passaram a caminhar juntas.
“A indumentária sempre foi um reflexo do gosto contemporâneo, retratando de certa forma o desenvolvimento econômico, cultural e político. A roupa diferenciada identificava camadas sociais profissões, idade ou sexos”. Como disse acima a roupa transmite o que a pessoa é, em qual sociedade e cultura ela pertence, os problemas políticos e econômicos que estão passando, pois, para cada problema idade ou sexo a uma indumentária adequada para cada pessoa especifica.
A roupa e a história estão sempre ligadas. A indumentária usada numa certa época mostra os hábitos e os costumes de seu povo... A roupa vira moda no momento em que os feitios e a maneira de os usarem se transformam numa norma estética de certas camadas da sociedade.
Conclusão
Muitas foram as mudanças de padrões nas vestimentas, até porque a própria geografia do mundo faz com que a pessoa mude seu vestuário quando muda de uma região para outra, em alguns casos isso ocorre dentro de um mesmo pais.
Além dessa necessidade, a medida que a pessoa cresce seu gosto de roupa muda de acordo com sua faixa etária.
Até mesmo os tecidos mudam, e de acordo com eles os estilistas desenham novos modelos de roupas que serão usadas.
Também temos as estações do ano, e em cada uma delas as indústrias têxteis ou confecções lançam um modelo de roupa nova para aquela estação.
Muitas mudanças ainda poderão acontecer, muitos são os objetivos de se usar uma roupa, mas o que prevalece ainda é o seu primeiro motivo, cobrir a nudez do homem.
Bibliografia
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